domingo, 15 de agosto de 2010

Morte em vida

O que estou querendo?

Essa ausência de alegria e esse pensamento na morte?
Choro sem pena, culpa de não encontrar o caminho e se ele está ali, não tenho clareza, força, energia, entusiasmo, motivação...Nada!
Essa tristeza, indignação pela preguiça de seguir está me matando.
O que me prende a Terra? Não consigo viver aqui sem utilidade, sem conseguir me manter.
O homem que mora dentro de mim me abandona, não me mantém, não me ama, simplesmente sei. A mulher que mora dentro de mim não aceita não se manter, não criar e não amar.Simplesmente sei. Sinto como se essa pessoa que habita em mim agora não fosse eu.
Como se estivesse possuída pelo desânimo. Onde está a coragem de outrora, a luta, as conquistas e a entrega?
Ela vem e recomeço e de repente é como se fosse sugada e o chão desaparece.
Procuro vigiar meus pensamentos, achar a saída de produzir uma nova realidade.
Perco-me em desequilibro e giro fora do eixo. Nada faz sentido, parece que perdi o significado das coisas. Sinto-me abduzida e fico ausente de mim.
Choro de dor por estar decepcionada comigo. Meu mundo encolheu, ficou do tamanho do meu quarto, só nele me sinto segura.
Aqui onde a realidade é ilusória, recolho-me em pensamentos de saída para que eu possa entrar em mim de novo.
O que estou querendo? Por que hoje pela primeira vez pensei em morrer e senti paz, sem medo?
Estranho sentir medo de viver e não de morrer. Tenho apanhado bastante e sangrado. Por que está difícil aprender a viver como outrora?
Que energia é essa? Nem parece que é minha.
Onde estou, para onde fui?

Elaine Barnes
15/08/10

domingo, 8 de agosto de 2010

Pertencer

Durante muitos anos sofri pela sensação de não pertencer a nada nem a ninguém. Um peixe fora d’água. Hoje sinto pertencer a mim mesma, porém, os ventos chegam e até acho bom, tenho sempre que melhorar minha realidade, mas, esbarro na minha preguiça que o vento trás.Olho pra ela e sinto tristeza.Busco a força e a coragem de novo.Recomeço e confesso que pertencer a mim também tem seu preço.

Construir um lugar para onde eu possa voltar ainda é uma dor. Quando penso que estou construindo vem o vento, viro pluma e fico a deriva sem entusiasmo pra pousar. Ainda não tenho pra onde voltar.
Fico atenta pra não me abandonar.
Pai afasta de mim esse cálice!
Dá-me força pra continuar a construir esse lugar dentro de mim, dentro de Ti...
Tenho que ir ao aconchego desse encontro. Preciso sentir a sensação de poder ir e ter pra onde voltar. Um porto seguro a me esperar.
O meu coração está sempre a plantar, mas não sabe construir. É órfão!

Meu coração é uma flor alada. Será que não tem pousada?

Elaine Barnes

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cicatriz

Sem alinhavo,
Sem mais costura,
Uma cicatriz.
Lembrança de um caminho,
Ponto a ponto.
Fim da cruz,
Fim da tortura,
Ainda tontura.
Fantasmas da morte.
Muita sorte.
Preciso ir!
Sair da clausura,
Ilusão segura,
Medo de partir.
Um copo de veneno entre as pernas,
Cicuta difícil de ingerir.
Morrer pra descrenças internas,
E a preguiça de seguir.
Pra onde vai minha alma?
O que ela quer de mim?
Minha mente se embaralha,
Quando só quero ouvir.
Quero sentir me mais feliz.
Alma minha estou aqui!
O que fazer? Me diz!
Afasta de mim o cálice,
Da insegurança de partir.
Por onde ir nessa densidade?
Alma minha, quero sim te seguir!

Elaine Barnes